Provavelmente só se separam os que levam a infecção do outro até os limites da autenticidade, os que tem coragem de se olhar nos olhos e descobrir que o amor de ontém merece mais que o conforto dos hábitos e o conformismo da complementaridade.
A separação pode ser o ato de absoluta e e radical união, a ligação para a eternidade de dois seres que um dia se amaram demasiado para poderem se amar de outra maneira, pequena e mansa, quase vegetal.
Só nós dois sabemos que não se trata de sucesso ou fracasso. Só nós dois sabemos que o que se sente não se trata - e é em nome desse intratável que um dia nos fez estremecer que agora nos separamos. Para lá da dilaceração dos dias, dos livros, dos discos e filmes que nos coloriram a vida, encontramo-nos juntos agora na violência do sofrimento, na ausência um do outro como já não nos lembrávamos de ter estado em presença. É uma forma de amor inviável, que, por isso mesmo, não tem fim.
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