segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Lady Susan - Jane Austen [3]

Carta 6
Sra. Vernon ao Sr. De Courcy
Churchill
Meu querido Reginald, conheci aquela perigosa criatura, e devo dar-lhe uma descrição, mas espero que em breve sejas capaz de formar seu próprio julgamento, ela é realmente muito bonita, mas você talvez questione as seduções de uma mulher que já não é mais jovem, eu da minha parte, declaro que raramente vi uma mulher tão bonita como a senhora Susan. Ela é delicadamente loura, com seus olhos cinzentos e cílios escuros. Por sua aparência, não parece ter mais de 25 anos, no entanto, deve ter uns dez a mais.
Eu certamente não estava disposta a admirá-la, embora sempre tivesse ouvido que ela era bonita, porém, não posso evitar sentir que ela possui uma rara combinação de brilho, simetria e elegância. Ela se dirigiu a mim com tanta bondade, abertura e até mesmo amor, que se eu não soubesse o quanto desgostava de meu casamento com o Sr. Vernon, eu a consideraria uma amiga íntima.
Costumamos associar a autoconfiança com o ar galanteador e pretensioso, e espera-se que uma mente insolente, aja de maneira insolente, pelo menos eu estava esperando de Lady Susan um grau indevido de confiança, mas seu semblante é doce e sua voz e maneiras cativantes. Lamento que seja assim, pois o que mais seria senão uma farsa?
Infelizmente, nós a conhecemos muito bem. Ela é inteligente e agradável, tem tanto conhecimento do mundo, que começa uma conversa fácilmente, e fala muito bem. Possui uma forma de linguagem alegre, que é muitas vezes utilizado, acredito eu, para fazer o preto parecer branco.
Eu estava quase convencida de que ela sentia um afeto genuíno por sua filha, apesar de eu por tanto tempo, ter sido convencida do contrário. Ela fala dela com tanta ternura e ansiedade, e lamenta tão amargamente a negligência de sua educação, embora afirme ser totalmente inevitável, que sou obrigada a lembrar-me de quão sucessivamente ela passou pela cidade enquanto sua filha foi deixada em Staffordshire, aos cuidados de criados ou de uma governanta pouco melhor, para evitar que eu acreditasse no que ela diz.
Se suas maneiras tem uma grande influência no meu coração ressentido, você pode imaginar quanto mais elas operam fortemente no temperamento generoso Sr. Vernon. Gostaria de estar tão segura quanto ele de que foi escolha dela deixar Langford e vir para Churchill. Se não houvesse permanecido três meses lá antes de descobrir que o estilo de vida de seus amigos não se adequava
com sua situação e estado de espírito, eu teria acreditado que a preocupação com a perda de um marido como o Sr. Vernon, a quem seu próprio comportamento foi pouco excepcional, a fizesse desejar uma temporada em reclusão. Mas, não posso esquecer a extensão de sua visita aos Mainwarings, e quando reflito sobre os diferentes modos de vida que ela levou com eles, contrário
da que ela submete-se agora, só posso supor que o desejo de reestabelecer sua reputação, seguindo embora tardiamente, o caminho da decência, foi o que a levou a separar-se de uma família, onde ela deveria na verdade, ter sido particularmente feliz.
A história de seu amigo, o Sr. Smith, no entanto, não pode estar totalmente correta já que ela corresponde-se regularmente com a Sra. Mainwaring. Sem dúvida, deve ser exagerada. É quase impossível que dois homens sejam tão grandemente enganados por ela ao mesmo tempo.

Atenciosamente. Catherine Vernon

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