segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Lady Susan - Jane Austen

Carta 2
De Lady Susan para Sra. Johnson
Langford
Você estava enganada, minha querida Alícia, ao supor que eu passaria o inverno inteiro aqui: entristece-me dizer o quanto estava enganada, pois eu raramente passei três meses mais agradáveis do que estes que passaram.Agora tudo é problema. As mulheres da família estão unidas contra mim. Você predisse que seria assim quando cheguei a Langford. Mainwaring é tão extraordinariamente encantadora que eu não podia deixar de me sentir apreensiva. Lembro-me de dizer a mim mesma quando me dirigia para a casa: “Eu gosto deste homem, rezo aos céus para que isso não cause nenhum mal!”
Mas eu estava determinada a ser discreta e o mais silenciosa possível, tendo em mente minha situação de viúva à apenas quatro meses, e foi o que fiz minha querida criatura. Não tenho aceitado as atenções de ninguém exceto as de Mainwaring. Eu tenho evitado todo o flerte, não distinguindo ninguém, exceto Sir James Martin, a quem eu dei um pouco de atenção a fim de afastá-lo da Sra. Mainwaring; No entanto, se o mundo soubesse quais eram as minhas intenções, teriam me elogiado.
Tenho sido acusada de ser uma mãe cruel e desatenta, mas foi o impulso sagrado do amor materno que me estimulou. E se minha filha não fosse a maior tola do mundo, meus esforços teriam sido recompensados como deveriam. Sir James fez-me propostas para Frederica, mas Frederica, que nasceu para ser o tormento da minha vida, preferiu fixar-se tão violentamente contra o plano, que eu pensei ser melhor esquece-lo por enquanto. Arrependi-me de não ter casado com ele eu mesma; se eu não fosse tão desprezivelmente fraca, eu o faria. Mas, me confesso bastante romântica neste respeito e as riquezas por si só, já não me satisfazem.
A consequência de tudo isso é: Sir James se foi, Maria está altamente irritada e a Sra. Mainwaring insuportavelmente ciumenta. Assim, é tanta inveja e raiva de mim, que em um acesso de ira, não me surpreenderia se recorresse ao seu guardião, caso tivesse acesso livre a ele. Seu marido, porém, continua sendo meu amigo e a ação mais gentil e bondosa de sua vida é livrá-la para sempre do casamento. Meu único pedido é que mantenha seu ressentimento. Agora estamos muito angustiados. A casa nunca havia visto tanta alteração. A familia toda está em pé de guerra e Mainwaring mal ousa falar comigo. Chegou a hora de eu partir e estou determinada a sair daqui. Espero passar um dia agradável com você na cidade esta semana. Se o Sr. Johnson continuar a mostrar tão pouca simpatia para comigo, como de costume, venha me visitar na rua wigmore número 10, mas espero que não seja o caso, pois o Sr. Johnson, apesar de todos os seus defeitos, é um homem a quem a palavra “respeitável” é sempre aplicada, e sendo eu tão íntima de sua esposa, seu desprezo me é estranho.
Passarei pela cidade em caminho para aquela insuportável vila rural, já que finalmente estou indo para Churchill. Perdoe-me minha cara amiga, este é meu último recurso. Se houvesse na Inglaterra outra casa aberta a mim, me seria preferível. Tenho aversão a Charles Vernon, e medo de sua esposa. No entanto, devo permanecer lá até ter algo melhor em vista. Minha filha me acompanhará até a cidade, onde a deixarei aos cuidados da Srt.Summers, na rua Wigmore, até que ela tome um pouco mais de juízo. Lá ela terá boas companhias, pois as meninas são todas das melhores famílias. O preço é muito alto, muito mais do que eu posso pagar.
Adeus. Enviarei um bilhete assim que chegar à cidade.

Sempre sua
Sa. Vernon


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