sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A Inominável - Cecília Meireles

Leve… – Pluma… Surdina… Aroma… Graça…
Qualquer coisa infinita… Amor… Pureza…
Cabelo em sombra, olhar ausente, passa
como a bruma que vai na aragem presa…

Silenciosa. Imprecisa. Etérea taça
em que adormece luar… Delicadeza…
Não se diz… Não se exprime… Não se traça…
Fluido… Poesia… Névoa… Flor… Beleza…

Passa… – É um morrer de lírios… Olhos quase
fechados… Noite… Sono… O gesto é gaze
a estender-se, a alargar-se… – E enquanto vão

fugindo aos passos teus, Visão perdida,
chovem rosas e estrelas pela vida…
Silêncio! Divindade! Iniciação!

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