quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Soneto de Agosto (Vinícius de Morais)

Tu me levaste, eu fui...Na treva ousados
Amamos vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estávamos unidos,
Nós que andavamos sempre separados.
Espantei-me, confesso-te, dos brados
Com que enchi teus patéticos ouvidos,
E achei rude o calor dos teus gemidos,
Eu, que sempre os julgara desolados.
Só assim arrancava a linha inútil,
Da tua eterna túnica inconsútil...
E para a glória do teu ser mais franco,
Quizera que te vissem como eu via.
Depois, à luz da lâmpada macia
O púbis negro sobre o corpo branco.

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