terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Marina - Carlos Ruiz Zafón

"Todos temos um segredo trancado à sete chaves no sótão da alma. Este é o meu."

"Marina me disse um dia que a gente só se lembra do que nunca aconteceu. Ainda ia se passar uma eternidade antes que eu pudesse compreender essas palavras. Mas é melhor começar do início, que nesse caso é o final."

"Na época, não sabia que, cedo ou tarde, o oceano do tempo nos devolve as lembranças que enterramos nele. Quinze anos depois, a memória daquele dia voltou para mim."

"O tempo e a memória, a história e a ficção se fundiam como aquarelas na chuva naquela cidade feiticeira."

"Reféns de um passado moribundo, negavam-se a abandonar o barco à deriva. Temiam que seus corpos se desfizessem em cinzas ao vento se ousassem pôr os pés fora de suas mansões devastadas. Prisioneiros, definhavam à luz dos candelabros."

"A bicicleta parou a uns 2 metros de mim. Meus olhos, ou talvez minha imaginação, adivinharam o contorno de pernas esguias tentando alcançar o chão. Meu olhar subiu por aquele vestido que parecia saído de um quadro de Sorolla e foi parar num par de olhos de um cinza tão profundo que alguém poderia cair lá dentro. Estavam cravados em mim com olhar sarcástico. Sorri e ofereci minha melhor cara de idiota."

"Ela mal piscou. Aqueles dois olhos me perfuravam com tanta fúria que precisei de mais duas horas para me dar conta de que, no que me dizia respeito, aquela era a criatura mais deslumbrante que eu tinha visto na vida ou que esperava ver um dia."

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