sábado, 15 de junho de 2013

O Perfume - A História de um Assassino - Patrick Süskind - Trechos 3

"Ele Jean-Baptiste Grenouille - nascido inodoro no lugar mais fedorento do mundo, achado no lixo, na merda, e na podridão, criado sem amor, vivendo sem calor de alma humana, vivendo tão somente da teimosia e da força do nojo, pequeno, corcunda, roxo, feio, rejeitado, um monstrengo tanto por dentro quanto por fora - conseguira tornar-se amado pelo mundo."

"Tinha criado uma aura mais brilhante e eficaz do que qualquer outra que antes dele algum homem um dia tivera. E não a devia a ninguém... se não a si mesmo... Ele era, de fato, o seu próprio deus, e um deus mais maravilhoso do que aquele deus que fedia a incenso e morava nas igrejas."

"O que ele sempre havia desejado, ou seja, que as outras pessoas o amassem, tornara-se, no instante de seu êxito, insuportável, pois ele mesmo não as amava, mas as odiava. E de repente soube que jmais encontraria satisfação no amor, mas tão somente no ódio, no odiar e no ser odiado.
Mas o ódio que sentia pelas pessoas permaneceu sem eco. Quanto mais ele as odiava nesse momento, tanto mais elas o adoravam, pois nada percebiam dele se não a sua aura, a sua máscara odorífica, o seu perfume roubado..."

"Em suas almas sombrias havia, de repente, um clima eufórico. E em seus rostos repousava um suave brilho de felicidade, um brilho de donzela. Daí talves o pudor de alçarem o olhar e se olharem nos olhos. Quando ousaram... foram obrigados a sorrir. Estavam extraordinariamente orgulhosos. Pela primeira vez, haviam feito algo por amor."


Nenhum comentário:

Postar um comentário